quinta-feira, 28 de maio de 2009

Web rings


O trabalho do radialista, e mais especificamente do locutor, sempre foi cercada de uma mística e por vezes até fascínio por parte de algumas pessoa, que o vêem como alguém inacessível, abstrato, distante, e ao mesmo tempo muito próximo de si mesmas e de suas necessidades; levando inclusive alguns como eu, a romperem esta barreira do encantamento e da contemplação, a buscarem a academia em busca do cabedal necessário à sua inserção neste meio.

Fiz essa reflexão agora pouco, após a leitura do artigo da aula de hoje, de autoria de Raquel da Cunha Requero, que trata das redes Sociais; e mais especificamente porque uma citação não me saiu da cabeça: " É preciso constituir-se parte dessa sociedade em rede, apropriando-se do ciberespaço e constituindo um "eu" ali." Sim, mas se essa referência aplica-se às redes de socialização na internet, porque citei o rádio no início dest post?

Na minha última postagem, após a aula sobre convergência digital, relatei neste blog minhas impressões e minha experiencia pessoal enquanto "sujeito" dessas mudanças implementadas pela introdução de novas tecnologias de execução e produção de conteúdo, como também de operação dos sistemas e incorporação de hardwares e softwares aos estúdios das emissoras; entretanto, deixei de mencionar algo significativo e imprescindível ao estabelecimento da relação entre comunicador e receptor: a incorporação da interface digital e o uso das redes de relacionamento pelos comunicadores, em substituição ao limitado e ainda caro, serviço de telefonia.

Anos atrás, uns 7 pelo menos, eu recebia da telefonista dezenas de pápeis cortados com telefones e recados de ouvintes que queriam conhecer pessoas, e relacionar-se com outras que tinham ao menos caracteristicas semelhantes as delas; e a certeza de que esse intento era possível, advinha da seguinte constatação: Alguém naquele momento ouvia as mesmas músicas que ela, sintonizava a mesma rádio, e consequentemente admirava o mesmo locutor ou sua voz, a ponto de também lhe confiar mesmo sem conhecê-lo, a responsabilidade de expressar seus sentimentos ou seu desejo de "possuír" ou "pertencer" a alguém, muito provavelmente seria o pretendente dos seus sonhos.

Mas, o advento das redes sociais tornou público não apenas os desejos e os caracteres mais íntimos das pessoas, como também suas aspirações, história pessoal, planos, realidade, frustrações... Enfim, escarneceu o "eu " e tornou universal, público e irrestrito, o acesso ao que me pertence, ao meu mundo, meu espaço; que na verdade já não é de mais ninguém porque não é físico, é virtual.

As relações mudaram, os relacionamentos também. Os impulsos digiais e a velocidade com que transmitimos e trocamos informações com o mundo determinaram essa necessidade constante de adaptação a novas formas de comunicar; e como disse antes, o conhecimento do meio se impôs à necessidade de elaborar a mensagem, agora já não leio mais recados anotados no papel, e nimguém me pede pra conhecer alguém através do rádio com quem possa namorar, viver um grande amor, ver o sol se por... Afinal, pra que idealizar um perfil um ideal de homen/mulher, se todos os perfís e mais alguns de que preciso, já estão disponiveis no orkut??? e claro, com tanta fartura, e possibilidades, conceitos como namoro, noivado, casamento, deixam de ser relevantes, pois pertencem a um universo alheio ao chamado ciberespaço, onde tudo é possível, inclusive o possível.

Hoje tenho 4 perfis no orkut, quase 4 mil ouvintes que me acompanham, comentam minhas fotos, minha vida, querem saber mais de mim a todo tempo, e claro, interagem entre eles trocam informações sobre música, me criticam, esculhambam, e declaram amor etrno!!!!! Rsrsrs. e paixão incondicional; mantenho um blog onde expresso minhas opiniões e falo da minha atividade, e já não me uso mais o telefone, pedaços de papel; cabe a mim integrar as pessoas ao meu orkut, e a elas, interagirem entre sim e identificarem-se como semelhantes. Novos tempos, e como imaginar que até um dia desses conseguíamos viver sem as redes de relacionamento...Incrível.